No futuro, todas as empresas serão empresas de Inteligência Artificial
Marc Andreessen, notorio fundador da Netscape e do fundo de venture capital a16z, no seu famoso artigo publicado no Wall Street Journal em 2011 "Why Software Is Eating the World" ("Por que Software está comendo o mundo", em tradução livre) afirmou que software era a maior oportunidade daquele momento e que era onde ele iria investir o seu dinheiro dada a forma como o mundo iria mudar por causa de software.
Mais de 10 anos se passaram e hoje podemos ver como essa visão estava mesmo correta. Absolutamente todas as empresas do mundo não conseguem operar sem algum tipo de software. Do sistema operacional do celular e software da maquininha de cartão aos sistemas eletrônicos do Governo como a nota fiscal eletrônica e o SPED fiscal, todas as empresas usam software. Software, de fato, comeu o mundo.
Apesar da Inteligência Artificial (IA) já ser um assunto que permeia o mundo da tecnologia há pelo menos 5 décadas (o laboratório de IA do MIT foi fundado em 1959), os últimos meses serviram como um grande "cair de ficha" (que curioso eu usar essa expressão arcaica num artigo tão tecnológico) para o mundo empresarial. A chegada do chatGPT em Novembro de 2022 materializou e impregnou na retina de pessoas não técnicas do que a IA é capaz. Para muita gente, o momento é de perplexidade, entendimento, acesso e, também, medo.
Os sentimentos de perplexidade, entendimento e acesso surgiram porque ficou muito fácil entender tudo o que é possível fazer com IA e o quão fácil é acessar essa tecnologia. Basta saber se comunicar em linguagem natural como já fazemos entre nós, humanos. A grande revolução trazida pelo chatGPT foi a interface intuitiva associada a um modelo de IA muito poderoso.
O medo aparece sempre que algo muito revolucionário surge em nossas vidas. As dúvidas crescem, cenários apocalípticos como o de substituição de trabalhadores são criados. Tudo muito importante ser debatido. Mas esse não é meu foco agora.
Meu ponto de reflexão aqui tem muito mais a ver com a provocação que Marc Andreessen fez em 2011. IA irá comer o mundo. Se é que já não está. E é interessante notar que essa afirmação não invalida a afirmação original do Marc já que IA é basicamente software.
E da mesma forma em que hoje não vivemos mais sem software, muito em breve não viveremos mais sem IA.
Você pode até afirmar que uma padaria, por exemplo, não é uma empresa de software afinal ela não produz seu próprio software e há muita razão nisso.
Mas em se tratando de IA, onde modelos podem ser treinados com dados próprios da empresa para fazer ações específicas, podemos dizer que no futuro todas as empresas serão empresas de IA. Ou pelo menos, dificilmente sobreviverão sem incorporar IA na sua rotina produtiva e em seus produtos e serviços. A IA identificando as tendências de consumo do pãozinho ou novas receitas criadas por IA serão ponto comum entre as padarias.
É sempre assim. Os ciclos tecnológicos fazem renascer a competitividade. Foi assim com o telefone, com o computador, com a internet. E sem falar de invenções tecnológicas ainda mais antigas como a bússola, o motor, a luz artificial e o telégrafo. Todas chacoalharam o mercado criando muitas oportunidades.
Por hora, fica o desafio para cada empreendedor, gestor ou profissional de entender como essa tecnologia vai mudar as empresas e como podemos começar a integrá-la de imediato para nos mantermos competitivos.
Seja bem-vinda, IA.
Imagem gerada usando o Adobe Firefly
Fabio Seixas é CEO da Softo, empresa de tecnologia e software que ajuda empresas a entenderem como IA pode ser incorporada nas empresas.