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É Preciso Deliberadamente Desconstruir Nossas Empresas

Por décadas, acreditamos que a transformação digital foi um processo incremental, um passo após o outro, controlado, seguro. Mas o que estamos vivendo hoje não é uma transição: é uma ruptura. A ascensão da inteligência artificial generativa inaugura uma nova era. E essa nova era não será habitada por empresas moldadas nos modelos antigos.

A verdade desconfortável é que muitas das estruturas que hoje geram resultados estão se tornando obstáculos para o que está por vir. O avanço da IA exige uma postura radical: não apenas adotar novas tecnologias, mas desconstruir com coragem os alicerces que nos trouxeram até aqui.

Um Novo Livro, Não Um Novo Capítulo

O ritmo atual das inovações tecnológicas ultrapassou qualquer padrão anterior. Em apenas quatro meses, surgiram lançamentos como OpenAI o3, Google Gemini 2.5, Claude 3.7, Grok 3, Devin, Lovable, Manus AI, um desfile semanal de modelos mais rápidos, versáteis e autônomos.

Essas plataformas não representam "melhorias" tecnológicas. Elas marcam o surgimento de um novo paradigma cognitivo e organizacional. Devin, por exemplo, não é só uma ferramenta para desenvolvedores: é um engenheiro de software autônomo, capaz de planejar, codar, testar e iterar sem supervisão humana. Lovable e Manus AI automatizam tarefas complexas de copywriting, planejamento e até negociação de demandas.

Não estamos mais ampliando nossa capacidade com software. Estamos delegando inteligência. E isso exige uma revisão profunda na forma como as empresas operam.

O Erro de "Encaixar" a IA

Muitas organizações estão caindo na tentação de se encaixar IA em seus processos atuais. Automatizar uma etapa aqui, adicionar um chatbot ali, integrar um copiloto acolá. Isso gera sensação de inovação, mas o que surge, na prática, é uma colcha de retalhos ineficiente.

Como alerta Clayton Christensen em sua teoria da inovação disruptiva, adaptar tecnologias disruptivas ao modelo vigente é exatamente o que leva os incumbentes ao fracasso. O mesmo se aplica à IA: encaixar é insuficiente. O caminho é outro: desconstruir, redesenhar e reconstruir com IA no centro da arquitetura.

A Empresa Moldada Pela IA: O Que Já Podemos Ver

Embora ainda estejamos desenhando os contornos da "empresa pós-IA", alguns traços já se revelam com nitidez:

  • Menos hierarquia, mais decisões distribuídas. Modelos de IA são capazes de tomar decisões em tempo real baseadas em dados, diminuindo a necessidade de camadas intermediárias de aprovação.
  • Times pequenos e multidisciplinares. Como mostram startups como Replit, IA permite que squads compactos desenvolvam produtos completos com velocidade e profundidade antes inimagináveis.
  • Interfaces invisíveis, produtos vivos. Em vez de sistemas rígidos, temos APIs autônomas, fluxos que se ajustam, e modelos que se reescrevem conforme o uso, como o GPT-4 Turbo com memória e as Actions do ChatGPT, que criam uma interface conversacional adaptativa.
  • Experimentação contínua como estrutura. Testes A/B, ajustes semanais, feature flags, tudo isso deixa de ser exceção para virar o centro da operação.

O que vivemos antes foi o software comendo o mundo. Agora, é a IA digerindo tudo que não se adapta ao novo ritmo.

Desconstruir é Duro e Urgente

Aceitar esse caminho exige maturidade. Implica abandonar frameworks que funcionaram por décadas. Implica abrir mão da previsibilidade, mas insistir em estruturas ultrapassadas é garantir que os resultados sumam diante de nossos olhos.

Como disse Rita McGrath, especialista em estratégia, "a vantagem competitiva sustentável morreu; o que importa agora é a vantagem transiente". E essa vantagem só se sustenta para quem tem capacidade de reinvenção constante.

Desconstruir, portanto, não é um ato impulsivo. É um compromisso com a adaptabilidade. É redesenhar a empresa para um tempo em que os ciclos são mais curtos, as decisões mais distribuídas, e o desconhecido é regra, não exceção.

Conclusão: A Coragem de Começar de Novo

A revolução da IA não pede licença. Não oferece avisos. Ela reconfigura os fundamentos sem perguntar se você está pronto. E é por isso que destruir o que construímos até aqui não é um erro. É a única chance de construir algo realmente novo.

Essa chance, no entanto, tem prazo de validade.

Persistir no modelo antigo é negar a realidade. O que precisamos agora é coragem. Clareza. Urgência. E um compromisso radical com a reinvenção.

Porque o futuro não será conquistado por quem adotar IA. Mas por quem tiver coragem de desapegar, destruir e reimaginar, com método e com visão.

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Fabio Seixas
CEO
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