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A armadilha dos squads de inovação

Nos últimos anos, virou moda estruturar squads de inovação dentro das empresas, times autônomos, com rituais próprios, supostamente dedicados a pensar o futuro do negócio. Na teoria, a proposta é interessante: criar um espaço livre das amarras do dia a dia, onde seja possível experimentar e errar sem medo. Na prática, o que se vê, quase sempre, é o oposto: inovação domesticada, controlada, pasteurizada.

Empresas realmente inovadoras não organizam inovação em caixas. Não delegam o desconforto. Não criam departamentos para errar por elas.

Porque sabem que inovação, quando é de verdade, não nasce isolada. Ela surge da fricção entre times, da urgência real do produto, da pressão do cliente, do incômodo que atravessa a operação. E isso não se terceiriza.

O mito da estrutura como solução

A criação de squads de inovação parte de uma crença equivocada: a de que o problema está na ausência de estrutura. Como se fosse possível construir um espaço controlado para o caos criativo florescer. Só que inovação não é resultado de organograma, é resultado de cultura.

Ao isolar a inovação, a empresa tenta proteger o restante da organização do risco. E é justamente esse movimento que impede a inovação de acontecer. Porque o novo, por definição, ameaça o que já está funcionando. Incomodar a operação não é efeito colateral. É o ponto de partida.

Inovação de verdade não cabe em processo

Inovação acontece fora da reunião de alinhamento. Fora do sprint. Fora do cronograma. Ela não nasce de metas trimestrais, nem de relatórios bonitos. Surge quando alguém percebe algo estranho no comportamento do cliente e decide agir. Quando um time ignora o roadmap porque viu uma oportunidade que só existe agora. Quando alguém resolve testar uma ideia sem pedir licença.

Transformar tudo isso em processo engessa o que deveria ser orgânico. A tentativa de controlar a inovação com KPIs e rituais não acelera o aprendizado, paralisa. E o que sobra, no fim, é um time bem-intencionado, mas que passa mais tempo preenchendo OKRs do que construindo algo relevante.

A cultura que sustenta a inovação

Nas empresas que realmente inovam, ninguém precisa “trabalhar com inovação”, porque todo mundo está autorizado a experimentar. A inovação está diluída no dia a dia, no atendimento que percebe uma nova dor do cliente, no financeiro que automatiza uma rotina ineficiente, no desenvolvedor que questiona a lógica de uma feature que ninguém usa.

Essas empresas não premiam quem erra com coragem, mas também não punem. Sabem que inovar não é só ideias geniais, mas sobre tentar mais vezes, mais rápido, e com mais contexto. E que errar faz parte do processo, desde que se aprenda rápido, e se compartilhe o aprendizado.

O desconforto não pode ser terceirizado

Muitas empresas criam squads de inovação para manter o restante da organização confortável. Deixam um time encarregado de pensar o novo, enquanto todos os outros seguem cuidando do que já existe, mas isso é o oposto de uma cultura inovadora. Inovação não é um projeto paralelo. É o próprio negócio. Se não está presente nas decisões do dia a dia, no produto, na comunicação e até no atendimento, não está em lugar nenhum.

Inovar exige romper com o conhecido e isso gera atrito. Não é conveniente. Não é elegante. E não cabe em ambientes excessivamente protegidos. O desconforto é parte fundamental do processo. E quando ele é delegado a um grupo específico, a empresa inteira perde contato com o risco. E, com o tempo, com a relevância.

Conclusão

Squads de inovação são, muitas vezes, a tentativa corporativa de simular movimento. Criam a sensação de que algo está sendo feito, sem que nada realmente mude. Servem mais para apresentações de board do que para transformar o negócio.

Empresas que realmente inovam não isolam a inovação. Elas a cultivam na cultura, nos rituais, na forma como tomam decisões. Não têm um time dedicado a pensar o futuro, têm times inteiros que não aceitam ficar presos ao passado. E, por isso, continuam relevantes.

Porque no fim das contas, o que separa empresas inovadoras das outras não é estrutura. É coragem.

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Fabio Seixas
CEO
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